Artigo de opinião de José Rui Meneses e Castro no Guia Exclusivo dos Promotores e Investidores Imobiliários 2020

Artigo de opinião de José Rui Meneses e Castro no Guia Exclusivo dos Promotores e Investidores Imobiliários 2020

A pandemia retirou ao mundo o ciclo de fácil, livre e despreocupada circulação. Ficámos confinados nas nossas casas, impossibilitados de continuarmos na roda viva, a que estávamos habituados.

Esta alteração de comportamento e de consumo trouxe inúmeras novidades e incertezas para muitos mercados e muitos segmentos, prometendo uma retração mundial, com menos dinheiro em circulação.

Inevitavelmente teremos de nos adaptar ao “novo normal”. Esta nova forma de viver, criou novos hábitos e reflete-se na forma como habitamos, trabalhamos, viajamos, socializamos, servimos e consumimos. Concretamente no mercado imobiliário, quem desenvolver ou adaptar mais rapidamente os seus conceitos ao que se privilegiará nesta nova forma de viver, serão aqueles que terão mais sucesso, transformando esta dificuldade numa oportunidade.

Obviamente que vontade e boas ideias não chegam, as empresas vão passar tempos difíceis uma vez que sobreviveram com base nos apoios recebidos e que na maioria dos casos foi um adiar do problema, uma vez que o grosso das obrigações se mantém. O consequente e provável aumento de desemprego, irá traduzir-se na quebra do consumo, com impacto em todas as indústrias.

No entanto, numa ótica de investimento privado, para aqueles que estão ativos e com capacidade, mais do que nunca está na altura de gritar “deixem-nos trabalhar”, para o crescimento da economia.

No nosso setor, será inaceitável que alguém com capacidade para investir, tenha projetos parados por ineficiências burocráticas (licenciamentos tortuosos e com tempos de aprovação irrazoáveis ou decisões judiciais morosas). Ou seja, cada vez tem que ser mais “friendly” investir em Portugal! Porque residir, trabalhar ou passar férias já sabemos que é, mas se não conseguirmos atrair quem tem capacidade de desenvolver os formatos que suportam estas atividades, arriscamo-nos a manter o triste fado português e de continuar a viver sombriamente das conquistas do passado. Assim, urge que entidades públicas decidam e respondam de forma rápida e clara sobre os investimentos privados que estão dependentes das suas aprovações/decisões.

O investimento público, deverá aproveitar os fundos europeus dos próximos anos, privilegiando as subvenções, garantindo que cada euro aplicado é um investimento com retorno e não apenas mais um custo que contribui para o aumento da dívida pública. Mais uma vez, está na altura de tomar decisões! Chega de estudos inconclusivos que justificam a não decisão! Temos de criar as infraestruturas que viabilizem o turismo (o nosso petróleo) em Portugal. Temos de continuar a investir em saúde e formação, o pilar de qualquer sociedade. Temos de incentivar a construção de nova habitação, para todas as classes, com a redução da carga fiscal associada. Temos de reduzir a carga fiscal laboral, contribuindo para o aumento ou manutenção dos empregos.

À semelhança de outros tempos, estamos numa fase em que é preciso termos muita Coragem! As empresas com coragem para se adaptarem e continuarem a desenvolver e a inovar e o Estado com coragem para decidir.